Quando a ousadia vira ouro Olímpico
Bernardinho observa Ricardinho durante Liga Mundial 2012
A seleção feminina fez uma primeira fase irregular em Londres 2012. Fernandinha que tinha começado como titular absoluta, após desbancar Fabíola do posto de titular, não vinha bem, o time estava jogando mal e correndo o risco de ser desclassificado no início da competição. O que fez Zé Roberto? Teve coragem e ousadia e sacou do time titular Fernandinha, sua jogadora de confiança e colocou no time titular a até então desacreditada Dani Lins no time titular. E o que aconteceu? Com essa atitude ousada do gênio José Roberto Guimarães, o time deu uma guinada na competição e começou a jogar muito bem, tendo um espírito de luta fantástico em quadra, conseguindo resultados expressivos, principalmente após a vitória épica contra a Rússia nas oitavas de final. Resultado final: Brasil campeão e Dani Lins, uma das melhores jogadoras dos jogos Olímpicos.
Zé Roberto vibra com Dani Lins após ouro olímpico conquistado em Londres (Foto: Agência Reuters)
Agora o time masculino na final contra a Rússia, começou dominando, jogando muita bola, com muita precisão nos contra-ataques e abriu 2 sets a 0 (19/25, 20/25) e chegou a ter dois match points no terceiro set, até que o técnico Russo Vladimir Alekno ousou e fez uma mudança tática que mudou todo o jogo, substituiu o então intocável Maxim Mikhaylov na posição de oposto e deslocou o meio de rede Dmitriy Muserskiy de 2,18 m para a posição.
A partir de então, o Brasil se perdeu e o gigante Muserskiy, que nos dois primeiros sets apenas assistia o massacre do Brasil, fez 31 pontos na partida, e comandou os russos numa virada surpreendente que levou a Rússia a uma vitória histórica.
Time russo comemorando o ouro após virada histórica
E Bernardinho, um dos melhores de todos os tempos e que não precisa provar mais nada a ninguém, será que não poderia ousar e fazer também uma mudança radical no time para tentar frear essa reação russa? As bolas de Bruninho, que fez uma excelente olimpíada, não estavam mais sendo suficientes para o Brasil passar pelo paredão russo. E o que o técnico brasileiro tinha no banco para fazer uma grande mudança? Tinha simplesmente Ricardinho, um dos melhores levantadores da história do vôlei, e que fez uma excelente Superliga e que já estava acostumado com os jogadores da seleção, pois estava a quase 3 meses treinando com eles. Bernardinho o colocou em quadra por 2 ou 3 minutos, sem dar confiança para ele jogar! Acredito que se o técnico brasileiro tivesse dado mais tempo para experiente levantador, campeão olímpico com a seleção em 2004, o Brasil poderia ter tido um novo repertório de jogadas, e até surpreender o time russo, assim como Dani Lins fez com a seleção feminina. E quem sabe hoje teríamos duas medalhas de ouro no vôlei de quadra.
Técnicos durante a final
Mas isso são dúvidas e suposições que nunca saberemos se dariam certo. Mas o técnico brasileiro poderia ter ousado como fez Zé Roberto e Alekno, poderia perder, mas também poderia conseguir a vitória. O ouro olímpico do vôlei russo foi um prêmio pela ousadia do treinador.