Banheira do gelo e massagem são opções de recovery para atletas
Crioterapia - técnica terapêutica que utiliza baixas temperaturas - e massoterapia se destacam entre os métodos mais utilizados para reduzir a dor muscular e acelerar a recuperação após exercícios intensos. Estudos científicos demonstram que essas técnicas, quando aplicadas por profissionais especializados, podem ajudar no alívio do desconforto pós-treino.
Um estudo publicado no periódico científico Journal Of Physiotherapy: Center of Health and Sport Sciences, envolvendo 74 atletas de triatlo do Ironman Brasil, comparou grupos que receberam massagem terapêutica com aqueles que permaneceram em repouso. Os resultados indicaram que a técnica apresentou resultados na recuperação pós-corrida da dor e da percepção de fadiga.
Outra pesquisa, conduzida durante a Ultramaratona Rio 24h e publicada na revista científica Motriz, analisou 1.995 atendimentos realizados em 602 atletas, revelou que massoterapia, crioterapia e alongamento reduziram a dor após exercícios.
Outras técnicas também são apontadas como complementares ao tratamento de atletas. A massagem terapêutica apresenta resultados na redução da dor, diminuindo a percepção de fadiga em corredores de longa distância. Entre os benefícios da drenagem linfática estão a melhoria da circulação sanguínea e a eliminação de resíduos metabólicos acumulados nos músculos de atletas.
Essas práticas fazem parte do que os especialistas chamam de recovery, conjunto de técnicas utilizadas para acelerar a regeneração muscular após esforço físico intenso. De acordo com o profissional de educação física e treinador, João Paulo Pachela, “a ideia do recovery é promover uma recuperação mais acelerada do organismo, a partir de situações de estresse”, conforme entrevista à imprensa.
Dessa forma, as clínicas de massagem relaxante têm observado a demanda de atletas que buscam benefícios terapêuticos. A massagem atua na diminuição da inflamação, melhoria da circulação sanguínea e liberação da tensão muscular. Segundo dados de revisão bibliográfica que analisou 20 artigos científicos, 15 deles mostraram que tanto a crioimersão quanto a massagem desportiva diminuíram a percepção de dor e fadiga em atletas.
Banheiras de gelo viralizam nas redes e dividem especialistas
A imersão em banheiras de gelo ficou popular entre influenciadores digitais e celebridades, que compartilham suas experiências nas redes sociais. O médico ortopedista e membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia, Marco Aurélio Silvério Neves, explica, em entrevista à imprensa, que “o procedimento é indicado após atividades físicas intensas para reduzir o processo inflamatório nos músculos e articulações e ajudar na recuperação muscular”.
A técnica consiste em submergir o corpo em água gelada por períodos controlados. Pachela recomenda água entre 5 e 10 graus para proporcionar alívio às regiões afetadas pelo exercício. Em unidades de academias, o tempo máximo de permanência é de 11 minutos.
Em entrevista à imprensa, o ortopedista especialista em joelho e traumatologia esportiva, Marcos Cortelazo, detalha que a imersão em água fria provoca vasoconstrição, reduzindo o fluxo sanguíneo e a oxigenação nos tecidos.
Pesquisas recentes apresentam resultados controversos sobre a eficácia da crioterapia. Um estudo conduzido com 30 atletas demonstrou que os benefícios da imersão em água fria não foram superiores ao efeito placebo. A pesquisa, publicada no periódico internacional American College Of Sports Medicine, comparou atletas submetidos à imersão em água a 10,3°C com aqueles que permaneceram em água termoneutra a 34,7°C.
Por outro lado, uma investigação realizada com oito atletas de jiu-jitsu mostrou resultados positivos. Os praticantes submetidos à imersão por 19 minutos em temperatura de 6°C apresentaram melhores níveis de recuperação pós-treinamento em comparação ao grupo controle, incluindo redução da dor e maior recuperação muscular percebida. O estudo foi publicado na revista científica internacional Journal Of Athletic Training.
Cuidados
Os especialistas alertam para a necessidade de cuidados na aplicação das técnicas de recovery. Para a crioterapia, o fisioterapeuta especialista em ortopedia e esportes, Gustavo Tasca, recomenda duração de 5 a 12 minutos, temperatura entre 8 e 15°C, com frequência de duas a quatro vezes por semana. Pessoas com doenças circulatórias, neuropatias periféricas ou problemas respiratórios devem consultar médicos antes da prática.
Cortelazo indica que a crioterapia é mais recomendada para atletas de alta performance ou praticantes de treinos intensos, como triatletas e corredores de longa distância. Para atividades recreativas ou moderadas, outras técnicas podem ser mais adequadas.
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