quarta-feira, agosto 06, 2025

Polícia reabre o caso Victoria Natalini, ocorrido há quase dez anos durante uma excursão escolar

Polícia reabre o caso Victoria Natalini, ocorrido há quase dez anos durante uma excursão escolar

O DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa) voltou a investigar o assassinato de Victoria Natalini. A polícia entendeu que testemunhas importantes deixaram de ser ouvidas na época da morte e que as diligências para descobrir o assassino não foram esgotadas durante as investigações.

A Justiça concordou com a reabertura do inquérito, e uma força-tarefa no maior departamento de homicídios do país foi criada para tentar colocar fim ao mistério: quem matou Victoria Natalini?

Ivalda Aleixo, diretora do DHPP, que está à frente do caso, afirma: “Os mais especializados profissionais de todas as áreas do departamento estão nessa missão. O que posso adiantar é que o objetivo do assassino era o abuso sexual. A morte foi uma consequência.”

Duas testemunhas — consideradas muito importantes para a polícia — já foram ouvidas. O depoimento delas pode colocar em xeque o álibi de um potencial suspeito.

Nos próximos dias outras seis pessoas deverão ouvidas novamente. A polícia adianta que trabalha em várias frentes. E com mais de uma hipótese, incluindo autor e coautor para o homicídio.
Viagem escolar que virou tragédia

Victoria foi assassinada aos 17 anos durante uma excursão escolar para uma fazenda em Itatiba, no interior de São Paulo.

Ela foi morta sob a tutela da escola. Não era uma atividade recreativa. Era pedagógica. Valia nota. A família confiou que a filha estaria segura lá.

O caso foi investigado pela polícia de Itatiba — que rapidamente e com pouca investigação — concluiu que Victoria morreu de causa indeterminada, sugestiva de morte natural, descartando que ela tenha sido vítima de qualquer tipo de violência.

Só que Victoria não tinha nenhum problema de saúde. A jovem embarcou no ônibus com os outros 33 alunos da escola Waldorf Rudolf Steiner para a atividade escolar sem qualquer doença ou sintoma.

Logo, uma informação chamou a atenção do pai de Victoria, João Carlos Siqueira Natalini, e da madrasta da menina, Cris Freitas: O corpo foi encontrado num local em que não ocorriam as atividades pedagógicas.

Victoria não poderia estar desacompanhada, no meio do mato, fora do local de estudo, durante a atividade. Havia muitas lacunas nessa trágica história, e o dois — João e Cris — logo de cara entenderam que o laudo do IML (Instituto Médico Legal), a perícia no local, a investigação e muitos dos relatos não batiam. Poderia ali ter acontecido um crime que estaria sendo abafado.

Com a polícia negando o homicídio, eles decidiram agir: contrataram uma equipe particular de investigação. Dois importantes nomes da perícia policial e da medicina legal do país integraram a equipe e constataram que Victoria foi assassinada. A investigação foi transferida de Itatiba para São Paulo. E uma junta médica do IML da capital atestou: Victoria havia sim sido assassinada, vítima de asfixia mecânica na modalidade de sufocação direta. João e Cris estavam corretos.

“A polícia deixou de investigar e perdeu tempo valioso. Pistas e provas importantes poderiam ter levado ao assassino”, diz o pai da menina.

Mas a investigação na época não andou, e o caso foi arquivado. Agora, quase 10 anos depois, o DHPP — com uma nova direção — reabriu o inquérito.

Procurada para comentar o assunto, a direção da escola Waldorf Rudolf Steiner não quis gravar entrevista. A assessoria de imprensa emitiu apenas uma nota, como faz desde o assassinato da aluna deles, há 10 anos.

O texto diz que a perda de Victoria Natalini é sentida até hoje. E que funcionários da escola foram injustamente denunciados pelo Ministério Público por abandono de incapaz. A nota ressalta que a viagem para a fazenda foi bem planejada, com supervisão adequada, por profissionais dedicados a garantir a segurança dos alunos.

Ivalda Alexo é taxativa: “O tempo é a verdade que foge. A gente não pode mais perder tempo”.

Fonte: R7 - Foto: Reprodução/Redes Sociais