sexta-feira, fevereiro 21, 2025

Universal Music Brasil lança versão em vinil duplo do cultuado álbum “¡Tchau Radar!”, do Engenheiros do Hawaii

Universal Music Brasil lança versão em vinil duplo do cultuado álbum “¡Tchau Radar!”, do Engenheiros do Hawaii

Mais que generoso, o tempo está sendo justo. O 11º álbum dos Engenheiros do Hawaii ressurge agora, pela primeira vez em vinil — duplo —, para ampliar sua reputação como cultuada joia da discografia folk/rock brasileira. Era um velho anseio dos fãs. Lançado em maio de 1999, o trabalho marcou a estreia do grupo pela Universal Music Brasil e a maturidade da formação com o líder Humberto Gessinger com Luciano Granja (em trabalho de guitarras excepcional) e Adal Fonseca (bateria), potencializada pela chegada do tecladista Lúcio Dorfman. O sucesso de público foi imediato, puxado pelo clássico instantâneo “Eu Que Não Fumo” e pela impactante regravação de “Negro Amor”, versão de Caetano Veloso e Péricles Cavalcanti para “It’s All Over Now, Baby Blue”, de Bob Dylan. Seis meses depois de lançado, o disco já contabilizava 60 mil cópias vendidas. A nova versão em vinil já está disponível na UMusic Store. Saiba mais aqui: https://www.umusicstore.com/engenheiros-do-hawaii .

Gravado no Rio de Janeiro, em meio ao carnaval — Humberto conta que eles deixavam as TVs do estúdio ligadas, transmitindo os desfiles, sem som, para reforçar o sentimento de estranheza, de serem “visitantes de outro mundo”, algo bem Engenheiros do Hawaii —, “¡Tchau Radar!” foi remasterizado em Los Angeles. O resultado é uma sonoridade folk excelente, com timbragem vintage e punch certeiro nas canções que exigem contundência rock. Não por acaso é apontado como o disco dos Engenheiros que melhor funciona como cartão de visitas para o público estrangeiro.

Em três gravações, os arranjos de cordas fazem imensa diferença. “Até Mais”, que começa com piano elétrico Rhodes e discreta programação eletrônica, ganha grandiloquência com a orquestração escrita por Eduardo Souto Netto. O maestro também colaborou em “Seguir Viagem”, abertura do segundo disco que dá espaço para os pendores progressivos da banda. E no fecho de ouro do disco, “Cruzada”, clássico de Tavinho Moura e Márcio Borges lançado por Beto Guedes em 1979, ganha luxuoso arranjo orquestral de Jaques Morelenbaum, com vinte músicos eruditos “dobrados”.

O repertório, coeso, tem outros destaques inspirados. “Concreto e Asfalto” é uma balada densa, com desenhos melódicos simples e letra estradeira que resume a alma do disco: “Não vou ficar, não vou ficar/ Fiz bandeira desses trapos/ Devorei concreto e asfalto”. “Nada Fácil” remete aos melhores momentos do pós-punk, com tensão e elementos surpresa, como o piano martelado à moda Stooges. A letra destila o melhor da acidez inteligente de Gessinger: “Tchau, radar!/ Eu vou saltar!/ Não é fácil, cara/ Euforia e depressão/ Muitas flores no caminho/ E uma pedra em cada mão”. “O Olho do Furacão”, com órgão jovem-guardista, tem o papo filosofia que transcende: “Estamos no centro/ por dentro de tudo/ no olho do furacão/ Estamos por dentro de tudo que gira/ Na mira do canhão”.

E não falta alívio romântico: a delicada “3x4”, escrita por Humberto para sua mulher, Adriane, acrescenta uma linda gaita (tocada por Iran Alves) para comentar versos cândidos como “feitos um pro outro/ feitos pra durar/ uma luz que não produz/ sombra”. Quase vinte e seis anos depois, “¡Tchau Radar!” se revela de forma semelhante, como obra de longa vida e encantos que se renovam.

Pedro Só

Fevereiro de 2025

Lista de faixas “¡Tchau Radar!”

Disco 1:

Lado A:

1) “Eu Que Não Amo Você” (Humberto Gessinger)

2) “Negro Amor” (“It’s All Over Now, Baby Blue” — Bob Dylan)

Versão: Caetano Veloso e Péricles Cavalcanti

3) “Concreto e Asfalto” (Humberto Gessinger)

Lado B:

1) “Até Mais” (Humberto Gessinger)

2) “Nada Fácil” (Humberto Gessinger, Lúcio Dorfman, Luciano Granja e Adal Fonseca)

3) “O Olho do Furacão” (Humberto Gessinger)

Disco 2:

Lado A:

1) “Seguir Viagem” (Humberto Gessinger)

2) “10.000 Destinos” (Humberto Gessinger e Lúcio Dorfman)

3) “Na Real” (Humberto Gessinger)

Lado B:

1) “3 x 4” (Humberto Gessinger)

2) “Melhor Assim” (Humberto Gessinger e Luciano Granja)

3) “Cruzada” (Tavinho Moura e Márcio Borges)