quinta-feira, 17 de março de 2016

OLIMPÍADAS RIO 2016 e MEIO-AMBIENTE: Cidade do Rio de Janeiro abandona último legado ambiental das Olimpíadas

Cidade do Rio de Janeiro abandona último legado ambiental das Olimpíadas


Menos de 5 meses do início das Olimpíadas no Rio de Janeiro e a prefeitura da cidade decidiu nesta quinta-feira, 17, abandonar o projeto de recuperação de seus rios. 

Serviços como limpeza e canalização dos rios, todos da Baía de Jacarepaguá, previstos no caderno de encargos dos Jogos, estão parados desde o fim do ano passado após sucessivos atrasos e por conta disso a prefeitura carioca rescindiu o contrato com a empresa responsável, a Consórcio Rios, que é formada por duas construtoras, a Andrade Gutierrez e a Carioca Engenharia, ambas envolvidas no esquema de corrupção da Operação Lava Jato. 


A recuperação de seis rios da cidade (Covanca, Pechinca, Tindiba, Banda da Velha, Rio Pequeno e Rio Grande), começou em 2011 e deveria ter sido encerrado em 2014, mas no mesmo ano os atrasos viraram temas de administração municipal sobre as empresas. No ano passado as mesmas foram advertidas novamente e em dezembro foram afastadas do projeto. 

Quem controla a despoluição ou recuperação dos rios de Jacarepaguá é a SMAR (Secretaria Municipal de Saneamento e Recursos Hídricos) que quando procurada para esclarecer sobre a rescisão do contrato, disse em comunicado que continua agindo para a recuperação da Bacia de Jacarepaguá, mas não informou como. Até o início dos Jogos, 14 rios devem ser limpos. Em nove as obras já foram totalmente concluídas e em outros três (Covanca, Pechincha e Tindiba, o trabalho está inacabado). 

O prefeito da cidade, Eduardo Paes, minimizou a questão: "Já fizemos quase tudo por lá, está tudo praticamente pronto." As empresas Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia não se pronunciaram. 



Há também outros projetos que sequer saíram do papel, como a instalação de unidades de tratamento de rios em cursos d'água que desembocam no Parque Olímpico. A limpeza das lagoas não avançou e a despoluição da Baía de Guanabara não chegou nem perto da meta para este ano, que era 80% do esgoto despejado no local, ser tratado. O governo agora trabalha para que este número atinja nas Olimpíadas, pelo menos 60%. 

O único projeto do programa dos Jogos Olímpicos que está em dia oficialmente é o saneamento da zona oeste do Rio, que é tocado pela prefeitura, porém, até o início do Jogos, a previsão é de que apenas a primeira fase esteja concreta. 

"Infelizmente, não consigo ver legado ambiental nenhum, o governo prometeu coisas importantes. Nada saiu do papel, a não ser as arenas olímpicas e as obras de transporte." - afirmou David Zee, engenheiro ambiental da UERJ. Sobre a situação dos rios e lagoas, Zee disse: "Foi perdido muito tempo. Agora, enquanto inauguramos novos ginásios, os rios que passam ao lado do Parque Olímpico são verdadeiros valões de esgoto." 

Para o biólogo Mario Moscatelli, estas Olimpíadas quase não terá legado ambiental nenhum: "Nada de estrutural foi feito. Há iniciativas pequenas e pontuais. Mas, levando em consideração o que foi prometido, trocaamos um Porsche V8 por uma Fusca 67." 

Fonte: UOL - Olimpíadas 2016