Martine Grael e Kahena Kunze garantem ouro na vela
Martine Grael e Kahena Kunze durante a regata da medalha da classe 49er Fx
Foi na última regata, mas a vela manteve a tradição que vem desde Atlanta 1996 e deu uma medalha ao Brasil nos Jogos Olímpicos. E de ouro. Campeãs mundiais em 2014, Martine Grael e Kahena Kunze venceram a regata da medalha da classe 49er Fx, que faz sua estreia Olímpica, e conquistaram o título da última competição do esporte nos Jogos Rio 2016 para festa geral da torcida na Marina da Glória.
“A gente só realizou (que ganhou medalha de ouro), quando a gente cruzou a linha (de chegada)”, disse Martine Grael. Segundo a velejadora, o fato de ter participado de grandes competições em condições como as da regata decisiva – sob forte pressão por resultados – ajudou a dupla a lidar com a responsabilidade. “Na água a gente nem pensava em medalha". Kahena complementou. “Prometi a mim mesma que queria chegar na rampa destruída pensando: ‘Dei o meu melhor’. Independentemente de qualquer resultado, é isso que vale mais".
Martine e Kahena comemoram a medalha de ouro inédita para a vela feminina do Brasil
Martine ressaltou a importância do compartilhamento de informações, não só do pai e técnico, o lendário Torben Grael (duas medalhas de ouro, uma de prata e duas de bronze Olímpicas no currículo) como do restante da família composta por vários velejadores. “Na vela a experiência conta muito e ele (meu pai) tem muito para compartilhar. Ele não é de falar muito - a gente tem de ir buscando essas informações. Eu busquei muito com ele e também com outros atletas da vela e de outras modalidades. Muitos companheiros de equipe me ajudaram muito".
Martine e Kahena dão sequência ao amor à vela transmitido por suas famílias
Torben era puro orgulho com a conquista da filha, que consolida um legado familiar de gerações de velejadores do lado materno e paterno. “A emoção de ver um filho ganhar uma medalha de ouro é maior do que qualquer conquista que já tive”, definiu. “Ela já é melhor do que eu pois eu não tinha uma medalha de ouro na idade dela", complementou.
A prova
O barco das brasileiras era um dos três líderes da classe antes do início da regata da medalha, junto com o das espanholas Tamara Domínguez e Berta Moro e o das dinamarquesas Katja Salskov-Iversen e Jean Hansen.
Com uma estratégia perfeita, as brasileiras passaram em terceiro lugar nas três primeiras boias, assumiram a liderança na parte final da regatas, se defenderam dos ataques das neozelandesas Molly Meech e Alex Maloney e cruzaram a linha de chegada na frente, em 21min21s, apenas dois segundos à frente do barco da Oceania.
Kahena e Martine tiveram de tomar decisões importantes durante a regata
Kahena explicou a estratégia de buscar um vento diferente das principais adversárias. “Foi difícil decidir, mas foi o pontapé inicial para a gente ganhar essa medalha. Se a gente tivesse montado a boia (seguido na direção) no mesmo lugar que as outras duas (adversárias) montaram seria muito mais difícil para a gente porque seríamos marcadas. Então, ao tomar esta decisão (ir no sentido oposto), com as dinamarquesas atrás de nós, estávamos com a prata garantida".
Assim, as brasileiras terminaram a competição com 48 pontos perdidos. A prata foi para as neozelandesas, com 51, e o bronze para as dinamarquesas, com 54. Foi uma festa inesquecível que contou com a participação dos torcedores que assistiram às disputas das areias da praia do Flamengo.
Foi a 18ª medalha da vela brasileira na história dos Jogos Olímpicos e a sétima de ouro, consolidando o esporte como líder de conquistas no esporte nacional.
Fotos: Getty Images/Matthias Hangst, Rio 2016/Alex Ferro e Rio 2016/Mirian Jeske