sexta-feira, 19 de agosto de 2016

RIO 2016: Tecnologia ajuda a explicar recordes quebrados no Rio 2016

Tecnologia ajuda a explicar recordes quebrados no Rio 2016
Pista de ciclismo do Velódromo teve a quebra de 19 recordes Olímpicos durante os Jogos Rio 2016 

Atletas de alta performance têm na tecnologia uma importante aliada. Não só a tecnologia dos equipamentos esportivos, mas também do campo de jogo. Isso é fundamental para ajudar na performance dos atletas e, consequentemente, na quebra de recordes.

“Claro que toda equipe que organiza Jogos Olímpicos procura os melhores fornecedores, tecnicamente falando. E os fornecedores também apresentam o que têm de mais avançado, porque nada melhor que resultados de atletas em Jogos Olímpicos para validar a qualidade de seus equipamentos”, observa Agberto Guimarães, diretor-executivo de esportes do Comitê Rio 2016.
Direto da Sibéria

O Velódromo do Rio é um ótimo exemplo. Em quatro dias, 19 recordes Olímpicos foram quebrados, sete deles recordes mundiais (sem contar os que foram batidos mais de uma vez). Em Pequim 2008, foi homologado um recorde mundial e em Londres 2012 foram quatro.

A superfície usada na pista de ciclismo foi a mesma de Londres 2012, com pinho siberiano, que é muito resistente, mas também maleável para que sejam moldadas as curvas com precisão. Também é a madeira que oferece a superfície mais lisa, o que torna a pista muito rápida.

O projeto foi de Ralph Schurmann, da empresa alemã que leva o nome da família e atuou em sete Jogos Olímpicos (o último havia sido Pequim 2008).

Dupla britãnica comemora recorde no Velódromo 

Os velódromos exigem toda uma equipe de carpinteiros especializados para a instalação da pista. São instalações mais abafadas, já que nem a madeira pode ser afetada pela umidade do ar condicionado, nem os ciclistas podem ter a performance prejudicada por algum duto que jogue vento sobre a pista.

Gilles Peruzzi, diretor de pista da União Ciclística Internacional (UCI), lembra que por trás dos recordes estão vários elementos, não apenas a pista. “São cientistas que trabalham com os atletas por quatro anos, com relação a performance, bicicletas, claro, e também roupas. São os atletas que treinam duramente por quatro anos para atingir seu máximo nos Jogos Olímpicos. A pista tem sua parte nos recordes, mas não é o elemento responsável por eles. Não sei precisar em termos de classificação, mas a pista do Rio está entre as top do mundo.”
Sem "moleza"

No caso do atletismo, Agberto, ele mesmo um dos maiores atletas brasileiros nos 1.500m e 800m, diz que a pista é muito rápida. “Claro que se a pista é mais macia fica mais gostoso correr. Mas ela precisa ter seu grau de dureza para ser mais rápida”, observa, destacando a superfície instalada pela empresa italiana Mondo no Estádio Olímpico (Engenhão).

A pista, depois de instalada, passa por testes de tempo de resposta, feitos por toda a superfície, porque essa “reação” do piso também ajuda na performance, servindo para impulsionar o atleta à frente.

Pista mais dura ajuda na impulsão dos atletas 

O atletismo no Estádio Olímpico, em seis dias de competição, teve dois recordes mundiais quebrados na pista: nos 400m, com o sul-africano Wayde van Niekerk (43s03), e nos 10.000m, com a etíope Ayana Almaz (29min17s45). Ainda saiu um recorde Olímpico, nos 3000m com obstáculos (8min03s24), do queniano Conseslus Kipruto.

Também sem contar recordes batidos mais de uma vez, em Pequim 2008, foram cinco mundiais no total, três deles de Bolt (nos 100m, nos 200m e no 4x100m). Em Londres 2012, mais três (um deles, do 4x100m, também com a contribuição do jamaicano).
Transparência

Também nas piscinas, descontado o “efeito Michael Phelps” (que, se não bate recorde, estimula os atletas a tentar), o Rio 2016 contou com um número bem expressivo de recordes. Em oito dias, foram estabelecidos 24 recordes Olímpicos. Desses, sete foram também recordes mundiais.. 

Em Pequim 2008, quando ainda eram permitidos os maiôs tecnológicos, foram homologados 21 recordes mundiais (alguns deles mais de uma vez) e Phelps contrubui com seis deles, quatro em provas individuais. Em Londres foram no total (com um batido duas vezes).

A piscina Myrtha – que é desmontável – é moldada em aço, já que a construção em concreto pode dar diferenças milimétricas nas medidas. Ela também tem características fundamentais para que seja rápida e, assim, ajude com os recordes.

Água translúcida ajuda sobretudo nas viradas, evitando erros 

Primeiro, o sistema de circulação de água. São de 6 a 8 mil litros por minuto, que saem e voltam à piscina. O transbordamento contínuo, nas 24 horas do dia, faz com que a água ‘respire”, porque a água é viva. Cada nadador que entra na água faz transbordarem de 70 a 100 litros. E, tendo mais água do que a piscina comporta, as ondas são diluídas.

Também ajuda o sistema de jatos, para que as ondas não interfiram nas provas. “Essa interferência, da superfície aos 30 centímetros de profundidade, é reduzida a zero”, diz Agberto. Outro fator importante: “A água é muito limpa e, assim, ajuda os nadadores a não errar as viradas. Para eles, a visão é importantíssima.”

A norte-americana Katie Ledecky bateu os recordes mundiais dos 800m (8min04min79s) e 400m livre (3min56s46); a sueca Sarah Sjostrom estabeleceu nova marca para os 100m borboleta (55s48); a húngara Katinka Hozssu, para os 400m medley (4mins26s36), e as australianas bateram o recorde mundial do revezamento 4x100m livre (3min30s65). Pelos homens, o britânico Adam Peaty fez 57s55 nos 100m peito, e o americano Ryan Murphy, 51s85 nos 100m costas.

Fotos: Getty Images/Al Bello, Getty Images/Matthias Hangst e Getty images/Bryn Lennon