quinta-feira, abril 12, 2012

Entrevista com Jaqueline Carvalho

 “Sou brincalhona, mas no momento de seriedade, sou séria”, diz Jaque 

Entrevista com Jaqueline Carvalho

Em busca da segunda medalha de ouro, a ponteira Jaqueline Carvalho conta que um de seus maiores desafios tem sido conter a ansiedade antes da competição.

“Somos as atuais campeãs, a equipe a ser vencida. Bate um medo”, diz, sobre a atenção que o mundo tem dado à seleção feminina depois do ouro nas Olimpíadas de Pequim, em 2008.

“Apesar disso, estou confiante. Este ano, ao contrário de 2011, está sendo maravilhoso.”

No ano passado, Jaque precisou enfrentar a perda do bebê que estava esperando do marido, o jogador da seleção masculina de vôlei Murilo Endres, e, três meses depois, um acidente que quase a deixou paraplégica. “Foram 20 minutos de pânico”, lembra a jogadora sobre a queda que sofreu, em outubro, durante o Pan-Americano de Guadalajara, no México. Na tentativa de defender uma bola arremessada pelo time da República Dominicana, ela se chocou contra a companheira de seleção Fabi, bateu a cabeça e caiu no chão. Sofreu concussão cerebral e fratura das vértebras C5 e C6. “Ela nunca deixou de ter um sorriso no rosto, uma mensagem otimista”, elogia o marido.

Volta por cima

Criada em uma família de classe média do Recife, Jaque começou ainda criança a se interessar por esporte, quando trocava as brincadeiras de boneca pela bola. Talentosa, ela se tornou, em poucos anos, a melhor jogadora de basquete e vôlei do colégio. Aos 14 anos, mudou-se para São Paulo, fechou contrato com o Sollys/Nestlé, time em que joga até hoje, e entrou para a seleção infantil de vôlei. Hoje, aos 28 anos, 26 títulos coletivos e oito individuais, ela afirma que se sente mais preparada do que nunca. “Caio e volto melhor ainda. Espero poder deixar a má fase com o ouro”, afirma.

O que gosta de fazer nos momentos de folga?
Jaqueline Carvalho: Gosto de ficar na internet, gosto de jogar videogame e procuro me informar sobre assuntos de beleza e moda. Tenho uma ligação forte com meus fãs, então gosto de respondê-los no Twitter, pois nos momentos difíceis eles sempre estão lá para me dar apoio. Tudo isso modificava o meu humor diário e me dava mais força quando estava lesionada. Gosto de ler revistas de moda e beleza, mas leio bastante pela internet nas edições eletrônicas.

Você é considerada por muitos a mais vaidosa da equipe. Essa afirmação procede?
Jaqueline Carvalho: Acho que sou a mais vaidosa da equipe. Bom, sou bastante vaidosa. Então, mesmo no dia a dia, tenho de sair ‘arrumadinha’, maquiada, porque acho importante não sair ‘bagunçada’ até para a pessoa se sentir bem. Então, sou vaidosa e não nego não, adoro. Por isso, que um ótimo presente para mim é ter um dia de salão. Aliás, se tivesse mais tempo iria com maior frequência no salão, faria sessão de massagem, pé, mão. Aquilo que dizem de ‘barba, cabelo e bigode’. Se fosse dona de um salão de beleza, eu seria quem gastaria mais lá dentro.

Você gosta de cozinhar?
Jaqueline Carvalho: Eu cozinho, outro dia fui fazer um cuscuz e queimei, mas gosto de cozinhar. Até porque na minha infância quem preparava o almoço era minha irmã e eu, pois minha mãe ia trabalhar e nós tínhamos que fazer a nossa parte. Então, nós fomos ‘obrigadas’ a aprender cozinhar, mas eu gosto e o Murilo também gosta quando faço um feijão gosto, um macarrão.

Você tem algum cuidado especial com a alimentação?
Jaqueline Carvalho: Procuro não exagerar na alimentação, mas como de tudo, não deixo de comer nada que gosto só que tudo moderadamente. É só saber se alimentar direitinho e sem exageros que não temos nenhum problema. Além disso, não bebo e não fumo, então é um ponto a mais para a vida de atleta.

Você está sempre bem arrumada, nos dias de jogos tem algum “ritual” especial?
Jaqueline Carvalho: Nos dias de jogos, me arrumo do mesmo jeito. Uso maquiagem, base, passo gloss nos lábios, tudo para ficar mais bonito. Mas é como nos outros dias, minha rotina é sempre a mesma, gosto de estar bem arrumada, mesmo no treinamento.

Como surgiu o voleibol na sua vida?
Jaqueline Carvalho: Meu primeiro esporte foi o basquete, mas três meses depois surgiu a oportunidade de começar a treinar o vôlei. Naquele momento fiquei treinando os dois esportes ao mesmo tempo, só que essa rotina estava atrapalhando os meus estudos. Foi então que minha mãe fez a séria pergunta: ‘você quer jogar vôlei ou basquete?’. Como estava me adaptando muito bem, escolhi o vôlei. Foi um esporte que me adaptei rapidamente subi para uma categoria que não imaginava e tive a oportunidade vir para São Paulo, algo que talvez no basquete não teria conseguido. Tive a influência e apoio da minha mãe e influência da minha irmã, pois ela que começou jogando vôlei.

Qual foi o seu primeiro momento marcante na carreira?
Jaqueline Carvalho: Meu primeiro momento marcante na carreira foi a convocação para a seleção brasileira infanto quando tinha 13 ou 14 anos. Nunca tinha imaginado chegar à seleção naquele momento, até porque no Nordeste o vôlei não tem muito incentivo esportivo. Então, foi uma glória e uma oportunidade que agarrei com unhas e dentes.

Você se considera mais extrovertida ou séria?
Jaqueline Carvalho: Sou muito extrovertida, mas às vezes as pessoas te olham e já te julgam. Já ouvi várias pessoas que tinham uma visão erra de mim. Elas falam: ‘nossa, achava que você era marrenta, metida’. Mas muito pelo contrário, sempre estou disposta às novas amizades e gosto muito de conversar. Sou uma pessoa muito brincalhona e palhaça. As meninas que convivem comigo sabem disso. Só que no momento de seriedade, sou séria.

Você gosta de sair ou é mais caseira?
Jaqueline Carvalho: Não sou de sair para balada ou barzinho, até porque não bebo. Gosto de ir ao cinema com o Murilo e passear no shopping também. Outra coisa que gosto de fazer é um churrasquinho lá em casa e chamar a galera.

Foto: Divulgação